Lie With Me
Capítulo 1 - Duas Semanas. (Alice).
Não duvide de mim quando eu digo que duas semanas podem
mudar a vida de uma pessoa. Sim, eu sei que duas semanas podem parecer pouco,
mas eu sou a prova viva disso. Essa história começa numa segunda feira, o
primeiro dia das minhas férias do meio do ano, férias que eu estava sendo
obrigada a jogar no lixo ao desperdiça-las em uma viagem de uma semana para o
outro lado do estado, onde seria o casamento de uma amiga da minha mãe. Havia
dois motivos pra minha falta de animação, ou melhor, três. O primeiro era que
eu teria que passar uma semana perto de pessoas que eu nunca vi na vida, o
segundo, era que eu iria perder a festa de 16 anos de Carolyn, uma das minhas
melhores amigas, e uma das festas mais esperadas do ano. O terceiro motivo era
que eu simplesmente não estava nem um pouco a fim de ir. Mas como não tinha
escolha, as minhas malas já estavam prontas.
Eu estava jogada no sofá aproveitando os últimos poucos
minutos que eu tinha dentro da minha casa quando ouvi a voz de Bianca vinda lá
de fora. Bianca é a minha prima, nós duas temos 16 anos, deve ser por isso que
somos tão próximas. Somos muito parecidas fisicamente também, e só andamos
juntas sempre. Mas eu não sabia o que ela tinha vindo fazer aqui em casa, aliás,
ela sabia que eu ia viajar hoje.
Levantei do sofá rapidamente e caminhei para fora de casa,
meus pais estavam lá arrumando as coisas dentro do porta-malas e Bianca estava
entregando ao meu pai uma mala roxa bem chamativa. Abri um sorriso ao ver a
cena, me aproximei e perguntei:
- É
isso mesmo que eu to pensando?
Bianca sorriu e balançou a cabeça positivamente vindo em
minha direção.
- Eu
vou com vocês!
Nos abraçamos e demos gritinhos baixos de felicidade, não
era de o meu feitio fazer coisas desse tipo, mas eu abria exceções em caso de
felicidade extrema.
-
Porra, quem chamou você, folgada? - Perguntei enquanto soltava Bianca do
abraço.
Bianca arregalou levemente os olhos para me lembrar de que
eu não deveria xingar pois meus pais estavam ali.
- Sua
mãe me chamou, ela disse que você tava desanimada, mas agora eu to aqui, pode
ficar feliz.
Eu estava feliz, Bianca ir comigo na viagem tinha tornado
tudo melhor. Meus pais já tinham terminado de arrumar as coisas e entrado no
carro, então eu e Bianca entramos também. Estávamos super animadas e não
parávamos de falar. Minha mãe também estava na conversa, nos contando das vezes que ela viu o noivo de sua amiga com outra mulher em restaurantes, e de todos os indícios de que ela já era corna antes mesmo do matrimônio. Mas as longas 5 horas de viagem nos derrubaram, e quando
chegamos ao hotel, estávamos largadas sobre o banco do carro em um sono pesado.
Meus pais saíram do carro e pegaram a chave do quarto na
recepção, eles levaram todas as malas para o quarto antes de nos acordar.
-
Meninas, a gente já chegou. - Dizia a minha mãe com uma voz suave enquanto nos
cutucava.
Geralmente eu demoro a acordar, demoro a abrir os olhos e
criar coragem para levantar, mas aquelas cutucadas eram tão irritantes que abri
os olhos e me estiquei instantaneamente dizendo impaciente "ta, ta,
ta". Bianca também levantou rápido, acho que ser cutucado irrita a
qualquer um.
Minha mãe esperou que saíssemos do carro para que ela
trancasse as portas, e em seguida foi conosco até o quarto. Ao entrar no mesmo,
percebi que havia apenas duas camas de solteiro.
- Ué?
Só duas camas? – Perguntei.
- É,
esses imbecis erraram, colocaram a gente em quartos separados.
- E
você não vai reclamar?
- Eu
não! Vai ficar mais caro, mas quem ta pagando tudo é a Geo mesmo. E assim é
melhor pra mim, porque aí eu e seu pai vamos ter mais privacidade – ela fez o
sinal de aspas com os dedos. – Se é que vocês me entendem.
- Que
nojo mãe, desnecessário eu ter que imaginar o que você e meu pai vão fazer
sozinhos no quarto.
Minha mãe colocou a chave do quarto
em cima da mesinha e saiu rindo. Ela foi pra sua suíte, que ficava no fim do
mesmo corredor. Assim que ela saiu, eu e Bianca trocamos um olhar como quem diz
“puta que o pariu, isso tá melhor do que eu pensava”.
Fechei a porta do quarto e então nós
duas começamos a dançar algo tipo funk, mesmo sem música, afinal precisávamos
expressar a nossa felicidade de algum modo. Bianca sacou seu iPhone do bolso e colocou a nossa música
para tocar, High School da Nicki Minaj.
Subimos na cama e começamos a dançar de uma forma mais retardada ainda. Foi quando
de repente, a porta se abriu. Paramos de dançar no mesmo instante. Na porta, um
garoto inexplicavelmente lindo. Ele tinha olhos e cabelos cor de mel, usava
calças saruel bem apertadas nas
pernas, com uns quatro dedos de cueca boxer à mostra, uma camiseta branca
mostrando seus braços visivelmente malhados. Na cabeça ele usava um boné aba
reta, e nos pés, Supras.
Eu não sabia se me escondia por ter sido pega em uma
situação tão ridícula, ou se ficava lá mais tempo, babando nele. Era como se
tudo estivesse acontecendo em câmera lenta. Então o menino começou a rir.
Fiquei muito envergonhada, mas admito que segurei o riso também.
-
Quem é você? – Perguntei.
Ele olhou pra baixo e umedeceu os
lábios antes de responder.
-
Acho que eu entrei aqui por engano, esses corredores, são iguaizinhos, um do
lado do outro. – Ele ainda ria, mas disfarçadamente.
- Mas
tem o número na porta. – Falei.
O menino chegou o rosto um pouco pra
trás e olhou a porta para confirmar que havia mesmo o número ali.
-
Verdade, valeu, e foi mal aí qualquer coisa.
Ele sorriu e saiu do quarto fechando
a porta. Sentei na cama sem reação, olhei para Bianca, ela estava de boca aberta
assim como eu.
- Você viu isso? Meu santo Deus. - Falei colocando
as mãos em frente à boca.
Bianca se sentou sobre a cama
também.
- É o garoto mais bonito que eu já vi pessoalmente!
- Será que ele ta aqui pro casamento também?
- Você é uma idiota, ao invés de perguntar o nome dele,
ficou - Ela fez uma voz fina, me remendando. - "tem o número na
porta".
Suspirei e revirei os olhos.
- Relaxa, essa não é a última vez que vamos ver
esse menino, pra ele estar perdido assim, deve ter acabado de chegar.
- Isso é, mas agora fiquei curiosa. - Bianca ficou
em silêncio por alguns segundos e em seguida arremessou um travesseiro na minha
cabeça - Vadia!
Comecei a rir.
- Sossega esse fogo anal menina, acabamos de chegar
e você já ta bagunçando o quarto.
Bianca riu, pegou seu celular,
apertou qualquer botão para que a tela se iluminasse e disse:
- 21:21.
- Como assim???
- Eu sei, o lindo deve estar pensando em mim.
- Não sua cu, já são nove horas.
- Ih é! - Bianca fez cara de surpresa. - E sua mãe
deixou uma mensagem, ela pediu pra gente encontrar ela no saguão pra procurar
um lugar pra jantar.
- Ah
vamos logo, eu to morrendo de fome.
- Mas
a gente não vai nem se arrumar?
- Se
arrumar pra que? A gente não ta tão ruim, e você sabe que a minha mãe vai
querer que a gente durma assim que voltarmos.
Bianca fez bico. Eu levantei da cama e fui até ela, puxei-a
pela mão e a fiz levantar também. Fomos para o saguão e encontramos meus pais,
eles estavam conversando com os donos do hotel. O hotel era novo, tinha poucos
funcionários, apenas algumas pessoas da limpeza e outras da segurança, mas os
donos estavam quase sempre na recepção, conhecendo seus hóspedes e tentando
agradá-los.
Todos sorriram quando eu e Bianca chegamos.
- Aí
estão elas, essa é a Alice, nossa filha - Disse meu pai apontando para mim. - E
essa é a Bianca, nossa sobrinha. - Ele fez o mesmo com ela.
Os donos do hotel se apresentaram e nos cumprimentaram com
apertos de mão. A mulher se apresentou como Lis, e o homem como Beto. E então
os dois começaram a falar sobre várias coisas, mas eu não estava prestando
atenção no que eles diziam, apenas dava sorrisos quando eles olhavam para mim.
Eu estava prestando atenção mesmo em Bianca. Ela não parava de olhar ao redor,
como se estivesse procurando algo. E eu sabia muito bem o que ela estava
procurando.
Oi Moh ,Ta perfeito continuaaaaa
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